fecho os olhos,embarcando
num espaço leve e cheio de cor
onde belas folhas de outono
silenciam meus passos
e quentes gotas de inverno
me refrescam a mente,
enquanto o azul primaveril
me acaricia o olhar
e notas de verão,
me aconchegam a alma
encosto-me nas ondas de um mar infinito
que embala os meus sentidos
fazendo-me despertar suavemente
com a graça da vida
pulsando no meu peito!
imersa nas sombras que a mágoa semeia
flutuo novamente à deriva
rumo a um porto desconhecido
fogem-me as rédeas do meu destino
ilusão minha julgar ser sua dona
deslizo por entre brisas de puro vermelho sangue
que escorre por entre nervuras da minha alma
quando reconheço que a felicidade é um mero acaso
qual raio bate na areia que se torna vidro bruto
mas de onde se cria a mais bela das peças
do mais refinado cristal
que se estremece e cai
se estilhaça em milhares de pontos de luz
que jazem na saudade do que foi
lembrando que tudo recomeça
Pesa o silêncio no ruído que me atordoa
Nada dizem, nada fazem, nada querem
Aqueles que tudo dizem
Tudo fazem e tudo querem
Pobres são, pois nada sabem
E flutuam nas próprias vozes sem perceberem
Que se afogam em cada som
Se queimam em cada palavra
Se diminuem, atrofiam
Camuflam a própria ignorancia
Nas insanidades que proferem
E bradam convictos que sim
Que alguém os ouve
Uma vez costas voltadas
Caem no esquecimento
Mas o ruído pesado de silêncio continua
Sem fim, num ciclo vicioso
Atordoada continuo e procuro o meu silêncio
Foste como cacto no deserto
Que cresce e vinga em terreno inóspito
Nascente fresca
Que rompe por rochedos milenares
Foste tantas vezes onda forte
Que veio morrer na areia
Foste um forte sem alicerces
Foram batalhas travadas com a vida
Sentimentos perdidos, desperdiçados
Uma lutadora constante
E se algumas vezes o cansaço venceu
A força da tua essência prevaleceu
Hoje, és como um raio de sol
Que rompeu a tempestade
Como abelhinha que fabrica o seu mel
Como borboleta que sossega
Na mais bela das flores
Hoje és Mulher
Com todo o direito de o ser !
O tempo passa, a vida corre e por vezes há coisas que ficam para trás, tal como aconteceu com este meu espaço que com tanto carinho foi feito...Parece-me estar na hora de voltar, porque apesar da edição dos livros, por aqui a magia mantém-se...
Fica no entanto a apresentação do meu "Palavras por dizer", editado pela Bubok
http://www.bubok.pt/
Hoje, a dor corrói o meu peito
As lágrimas lutam arduamente
Para saltarem dos meus olhos que ardem
Hoje
Deitada no chão frio encaro a Lua
Que me olha com desdém
Sentindo pena de mim
Hoje, vou deixá-la olhar-me assim
Amanhã...
Brilharei pela manhã
Com o Sol que me aquece a pele
Com a Luz que me alumia a alma
Ao anoitecer, então
Irei deitar-me no frio chão
Olhar a Lua com desdém
E ambas sorriremos
Pois saberemos
Que mais um dia passou
Uma batalha ganhei...
Mas hoje
Vou deixá-la olhar-me assim
Porque a dor me corrói o peito
Avancei pela calada da noite gélida
Perdida no espaço, no tempo, na vida
A lua cheia brilhava em todo o seu esplendor
Lá em cima, onde as estrelas se limitavam a venerá-la
Caminhei devagar, de olhos quase fechados
Até o cansaço me vencer
A noção do tempo estava perdida e não me importei
Deitei-me na relva húmida e deixei-me embriagar
Pelo vazio pleno de noite
Foi então que me dei conta de que algo mais me envolvia
Algo doce, intenso e suave
Um aroma que me invadiu aos poucos
E me despertou os sentidos num ápice
Levantei-me e ainda esboroada no destino
Quis saber que aroma era aquele
Cada vez mais intenso, familiar...
E caminhei de volta, com os olhos quase fechados
Até que o aroma me envolveu fortemente e ergui o meu olhar
E ali estava, enorme, no apogeu da sua fragância
Emoldurando os seus troncos fortes
Destacando as triunfantes pétalas quase brancas
Do verde luxuriante das folhas curtas e densas
E eis ali algo, tão puro, tão simples
Mas que teve a força de fazer a minha alma sorrir
Afinal... eram gardènias, Senhor...
Ah,se eu pudesse
Perpetuar a candura dos teus olhos
Num perfeito vale de lírios
Se eu pudesse
Eternizar a tua sábia inocência
No florescer de cada Primavera
Se eu pudesse
Captar a pureza da tua alma
Para que a minha nunca escurecesse
Se eu pudesse mudar o mundo
Transformá-lo em cristais de sonho
Presentear-te
Com campos de esperança
Traçar o teu arco íris
Determinar o teu final feliz
Qual princesa de conto de fadas
Ah, se eu pudesse...
Mas posso amar-te
E esse poder ninguém me tira
Minha doce Mariana