imersa nas sombras que a mágoa semeia
flutuo novamente à deriva
rumo a um porto desconhecido
fogem-me as rédeas do meu destino
ilusão minha julgar ser sua dona
deslizo por entre brisas de puro vermelho sangue
que escorre por entre nervuras da minha alma
quando reconheço que a felicidade é um mero acaso
qual raio bate na areia que se torna vidro bruto
mas de onde se cria a mais bela das peças
do mais refinado cristal
que se estremece e cai
se estilhaça em milhares de pontos de luz
que jazem na saudade do que foi
lembrando que tudo recomeça
Pesa o silêncio no ruído que me atordoa
Nada dizem, nada fazem, nada querem
Aqueles que tudo dizem
Tudo fazem e tudo querem
Pobres são, pois nada sabem
E flutuam nas próprias vozes sem perceberem
Que se afogam em cada som
Se queimam em cada palavra
Se diminuem, atrofiam
Camuflam a própria ignorancia
Nas insanidades que proferem
E bradam convictos que sim
Que alguém os ouve
Uma vez costas voltadas
Caem no esquecimento
Mas o ruído pesado de silêncio continua
Sem fim, num ciclo vicioso
Atordoada continuo e procuro o meu silêncio