Avancei pela calada da noite gélida
Perdida no espaço, no tempo, na vida
A lua cheia brilhava em todo o seu esplendor
Lá em cima, onde as estrelas se limitavam a venerá-la
Caminhei devagar, de olhos quase fechados
Até o cansaço me vencer
A noção do tempo estava perdida e não me importei
Deitei-me na relva húmida e deixei-me embriagar
Pelo vazio pleno de noite
Foi então que me dei conta de que algo mais me envolvia
Algo doce, intenso e suave
Um aroma que me invadiu aos poucos
E me despertou os sentidos num ápice
Levantei-me e ainda esboroada no destino
Quis saber que aroma era aquele
Cada vez mais intenso, familiar...
E caminhei de volta, com os olhos quase fechados
Até que o aroma me envolveu fortemente e ergui o meu olhar
E ali estava, enorme, no apogeu da sua fragância
Emoldurando os seus troncos fortes
Destacando as triunfantes pétalas quase brancas
Do verde luxuriante das folhas curtas e densas
E eis ali algo, tão puro, tão simples
Mas que teve a força de fazer a minha alma sorrir
Afinal... eram gardènias, Senhor...