...
Num final antecipado
As luzes perdem o brilho
As cores perdem a vida
A música silência-se
Retiram-se os figurantes...
A personagem principal tomba no palco
Adormece
Sem intenção de acordar...
...
Ao longe os aplausos esmorecem
Perante a vida que termina...
...
Fica-se
Na escuridão que permanece
Uma gota de orvalho permanece
Pendente como lágrima sentida
Do dia que já desvanece...
Folgo pois da luz intensa
Que me desnuda
Que me expõe
Perante o vasto nada que me entontece
Embrenho-me em teias densas
...
Inspiro
Busco tréguas em mim
...
Permaneço ainda assim incólume ?
Pois não
Tenho a alma fragmentada
Os pensamentos disformam-se
Perco-me na incoerencia de ser...ou não...
Expiro lentamente...
Se me resigno?
Nunca!!
Mas as forças escasseiam
A noite sempre terna envolve-me
Permitir-me-á quiçá
Lacrimejar um pouco
Como o orvalho fresco
Que me receberá pela manhã
De luz intensa
Que me expõe e desnuda
Perante, quem sabe
O vasto tudo que me engrandece