gastei letras que me encantam em palavras feias
algures num devaneio de desalento
tenho não tendo sempre que encontro o que perco
perdendo sempre o que encontro
busco e rebusco
remexo em tempos idos na esperança de nada
porque sei que nada mais há a fazer
quando nada se pretende ou deseja
egoísmo,ignorância ou ganância
pouco importa
pois cada um deles transforma tudo o que podia ser belo
em negrume vasto e intenso
Tristes almas as vossas, tão negras
que cegam os vossos destinos
afasto-me então
pois sei não ter forças em mim
que diluam esse vasto e intenso negrume...
afasto-me
pois não quero deixar de ter minha alma iluminada
e amar com toda a minha essência
afasto-me com pena
reconhecendo ter perdido a batalha
mas assim sei que não me perco a mim
afasto-me...
...
...
(mas duvido que não volte...)
Hoje, é um dia especial, em que mais uma vez o sonho ganha força e a esperança me alimenta a alma.
Hoje, faz 23 anos que fui Mãe pela primeira vez, e não obstante desavenças, mágoas e desilusões, o Amor
permanece e prevalece, assim como o sonho de o ver feliz e realizado na vida.
Para o André Alexandre, um feliz aniversário e o desejo de que encontre a côr do seu sonho...que será a
a minha, desde que ele esteja bem e feliz
Qual é a côr de um sonho?
Vibrante intenso...
Emoção escarlate!
Suave, fresca,
Qual céu ao amanhecer...
Laranja flamejante,
Quase fogo!
Qual magnífico pôr-do-sol...
Será breu estrelado,
Qual noite de Verão...
Cinzento lacrimejante...
Qual fria madrugada...!
Será côr volátil de vento...?
Ou será afinal
Um sonho, apenas vento!
Que varre uma existência
Não...
Vento apenas traz
E leva diferentes sonhos
De tantas cores, e afinal
De que côr é mesmo um sonho...?
Sem pensar navego à deriva
Num sentir negado que perece...
Remexo no fundo da alma
Gemendo um múrmurio esperançoso
De encontrar farrapos dos sonhos
Que outrora luziam...
Busca infértil esta
Pois sonhos não me foram permitidos
E tendo a esquecer
Esta sombra do meu princípio...
Sento-me então
No fundo de mim
Remexo-me inquieta
Porque me conheço e no entanto
Não me reconheço nesta derrota
Que me inflijo
Castigo-me talvez
Por erros que nem sei
Se ao certo cometi
E remexo-me
No fundo de mim
E sei, com todas as certezas
Que sou muito mais
Tenho muito mais
Sinto tudo o mais
E remexo-me inquieta
Lembro-me então de procurar
Novamente no fundo de mim
Réstias de força
Para emergir
Sempre inquieta
No fundo de mim
Perdi a chama das palavras
Algures no tempo que me perdeu
Sem querer ser encontrada
Anseio para ser descoberta
Voltar a ser
Tudo aquilo que nunca fui
Ou sequer tentei
Fugi aos poucos
Agora quase não me encontro
Ou reconheço
Deixei-me anular pela dor
Fraquejei no meu auge
Socumbi ás emoções
Tantas vezes traiçoeiras
Esqueci-me de ser eu...
Vou procurar-me...
Quem sabe me encontro...
Uma gota de orvalho permanece
Pendente como lágrima sentida
Do dia que já desvanece...
Folgo pois da luz intensa
Que me desnuda
Que me expõe
Perante o vasto nada que me entontece
Embrenho-me em teias densas
...
Inspiro
Busco tréguas em mim
...
Permaneço ainda assim incólume ?
Pois não
Tenho a alma fragmentada
Os pensamentos disformam-se
Perco-me na incoerencia de ser...ou não...
Expiro lentamente...
Se me resigno?
Nunca!!
Mas as forças escasseiam
A noite sempre terna envolve-me
Permitir-me-á quiçá
Lacrimejar um pouco
Como o orvalho fresco
Que me receberá pela manhã
De luz intensa
Que me expõe e desnuda
Perante, quem sabe
O vasto tudo que me engrandece